quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL - DANOS A TERCEIROS

Vejam: isto é uma lição para quem (seja pai, irmão, primo ou qualquer proprietário de veículo, empresa, etc) empresta seu carro (e principalmente quem não contrata seguros) ou tem automóvel em seu nome (ou de sua  empresa) mas é utilizado por terceiros (qualquer terceiro; ou motorista).

A única possibilidade de minimizar a situação e evitar que uma condenação judicial cause transtorno na sua vida é sempre manter em dia o seu seguro do carro e sempre incluida a cobertura de DANOS PESSOAIS a terceiros. 

Anote-se ainda que, normalmente alguns corretores de seguros ou seguradoras têm a (péssima) mania de aviltar amiúde a questão dos danos pessoais, sugerindo contratações de 20, 30 ou 50 mil reais. 

Entretanto, via de regra, tais valores são muito inferiores a uma dor de cabeça futura no caso de um atropelamento, principalmente com a morte ou sequelas ao pedreste ou, de pessoas que estiverem ocupando o veículo atingido no caso de colisão com terceiros.

Nossa recomendação, enquanto advogado e especialista em seguros é de que, no caso especificamente de DANOS PESSOAIS A TERCEIROS, contrate-se o seguro com uma cobertura razoável que lhe garanta, na eventual hipótese de lhe ser imputada a culpa e, em consequência, lhe sobrevir a condenação judicial a indenizar alguém, que você não tenha que desembolsar recursos próprios ou vender patrimônio para pagar indenização e pensão vitalícia. 

No mínimo, deve-se contratar, para danos pessoais a terceiros uma garantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Porque, analisando a jurisprudencia ora reinante no judiciário, este valor cobre a média de indenizações por danos morais e materiais (a falta de capacidade do lesionado para o trabalho, por exemplo) considerando uma pessoa de renda média nos padrões brasileiros. Todavia, devemos sempre lembrar que na contratação do seguro deve-se sempre considerar também o veículo segurado e poder aquisitivo do proprietário, uma vez que em uma ação judicial estes padrões também podem vir a ser considerados como argumento da vítima.

As cobertuas de seguro para os danos pessoais a terceiros são infinitamente baratas comparando-se com o preço da parte que garante seu carro ou os danos materiais a terceiros. Muitas vezes, caso a pessoa tenha recursos escassos mas necessite manter um automóvel, é preferível deixar de contratar a cobertura de danos materiais a terceiros (pois esta não lhe irá trazer piores consequências) e usar seus recursos contratando a garantia de danos pessoais em valor mais significativo e condizente com os "valores da vida" que, embora não seja quantitativo, tem sido cada vez mais observados a reparação imaterial pelos tribunais.

Dito isso, veja a seguir uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Superior Tribunal de Justiça sobre um caso.
DECISÃO:
Proprietário que empresta veículo a terceiro responde por danos causados pelo seu uso culposo
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou a responsabilidade do pai de condutor do veículo causador de acidente que vitimou jovem de 19 anos, responsabilizando-o pelo pagamento de indenização por danos sofridos. O colegiado entendeu que o proprietário do veículo que o empresta a terceiro responde por danos causados pelo seu uso culposo.

No caso, os pais e o filho menor da vítima ajuizaram ação de reparação por danos materiais e compensação por danos morais, decorrentes do acidente que ocasionou a morte da jovem, contra o pai do condutor e proprietário do veículo envolvido no acidente fatal.

Na contestação, o réu (pai do condutor do veículo) alegou, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, uma vez não ser ele o condutor do veículo causador do acidente, mas apenas seu proprietário e, no mérito, ausência de provas da culpa do condutor pelo acidente; culpa exclusiva da vítima; que seu filho pegou o carro sem autorização, o que afastaria sua responsabilidade pelo acidente, e ausência de comprovação dos danos.

A sentença julgou improcedente a ação, “considerando a inexistência nos autos de prova da relação de preposição entre o proprietário do veículo e o seu condutor ou, ainda, omissão no dever de guarda e vigilância do automóvel”.

A família da vítima apelou e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) entendeu que o proprietário deve ser diligente quanto à guarda e controle do uso de seu veículo, e que a retirada do carro de sua residência, com ou sem sua autorização, implica imputação de culpa, devendo o dono responder pelos danos causados a terceiros, ainda que o veículo seja guiado por outra pessoa. Assim, fixou a condenação em danos morais em 50 salários mínimos para o filho da vítima e mais 50 salários mínimos a serem divididos entre os pais da vítima.

 
No STJ

As duas partes recorreram ao STJ. A defesa do réu alegou que “a responsabilidade civil do pai pelos atos danosos do filho somente se configura se este for menor”. A família da vítima afirmou que o TJMG deixou de analisar os pressupostos de fixação de indenização por danos materiais, consistentes na prestação de alimentos. Além disso, questionou o valor arbitrado a título de danos morais.

Em seu voto, a relatora, ministra Nancy Andrighi, destacou que o TJMG, a partir da análise da prova dos autos, reconheceu a culpa do condutor do veículo pelo acidente e o nexo causal entre a morte da vítima e o acidente ocasionado pelo filho do réu, ao se utilizar do veículo de sua propriedade, não cabendo, em recurso especial, o reexame dessas provas, diante do impedimento da Súmula 7.

Quanto à reparação por danos materiais, a ministra Nancy Andrighi afirmou que, em se tratando de família de baixa renda, mesmo que tivesse ficado demonstrado que a vítima não exercia atividade remunerada, dependendo totalmente dos pais, como, de certa forma, deu a entender a decisão do TJMG, ainda assim é o caso de reconhecer o potencial da vítima em colaborar com a renda familiar e com o sustento de seus pais no futuro, quando esses não tivessem mais condições de se manter por si próprios.

Além disso, em relação ao filho da vítima, independentemente da prova de sua efetiva colaboração com o sustento da criança, não há como não reconhecer o prejuízo material que ela sofreu e vem sofrendo em decorrência da morte da mãe. Isso porque é patente a dependência econômica do descendente em relação ao ascendente e o dever deste de prover a subsistência daquele.

A ministra fixou o valor total da reparação pelos danos materiais nos seguintes critérios: aos pais, será correspondente a um terço da remuneração da vítima, desde a data do acidente, até a idade em que ela completaria 25 anos e, a partir de então, tal valor será reduzido pela metade até a idade em que ela completaria 65 anos de idade. Ao seu filho, será correspondente a dois terços da remuneração da vítima, desde a data do acidente, até que ele complete a idade de 25 anos.

Quanto ao valor do dano moral, a relatora aumentou para 300 salários mínimos, devidos a cada um dos autores, individualmente considerados.

FONTE: UAI.COM.BR

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